sábado, 27 de dezembro de 2008

FIM

Agradeço a todos os que me visitaram neste espaço.

A partir do próximo ano só estarei no As minhas romãs e no Por ti...com os meus olhos.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sons

São de sons os poemas
de sílabas
marcadas
de ventos
e marés.

São de sons
as palavras
de música
inventada
e de sons serão
todos os dias
que me completam,
todos os dias
que faltam...

E em sons direi então
os poemas
que te escrevo!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

É sempre Natal






SEMPRE

De braços abertos

as mãos voltadas

para o Natal

que no peito

sempre permanece.







De mãos abertas

coração sorrindo

para que no peito

o Natal sempre

inspire a nossa voz.


De coração aberto

lágrimas e sorrisos

tempos de festejar

o poder ser sempre

Natal no nosso peito.


A Isabel Filipe fez este lindíssimo trabalho e a 13 de Dezembro de 2007 colocou-o no seu blog com as minhas palavras.
Surpreendeu-me ontem ao enviar como postal de Natal para os seus Amigos.
Obrigada, Isabel.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mexes comigo, que raiva!

Mexes comigo, que raiva!|

E mexes.
Com raiva.

Raiva e mexes.
E mexes...

Comigo.
Sim? Com raiva?
Que raiva a tua?

Mexes. Comigo?
Mexes-me...
Com raiva?
Sim.

Mexes comigo.
Com que raiva?
Raiva! Mexes comigo...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Vago sonho


Quando te deixo
no mundo do teu sonho
eu vagueio por aqui
ou por ali
e vou gostando desta
sensação de não pertencer
a lugar algum.

Deixo-te sonhar vago
ou em simples aspiração
da realidade
absorvida na tempestade
das tuas palavras
que sem nexo
desesperam todo
o momento,
quando nem existe
este vaguear
e é tão mais simples
que no lugar nenhum
eu te deixe o mundo
e o sonho em palavras
no silêncio da tempestade.


Foto: Viajantis

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vens?


Vens saber de mim,
se ainda existo
ou se já fui embora,
se estou bem de saúde
e se a família também?

Vens sob que pretexto
interrogar-me?

Vens com que armas
guardadas, escondidas
prontas a disparar?

Afinal vens porquê?
Para quê?

Para me tentares
surpreender
e estender ao comprido
com um golpe certeiro?

Vens para o sítio errado.

Já não estou aqui.
Já fui. Não volto.


Foto: Viajantis

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Justiça

Hoje é o dia do aniversário da Flavia e da sua Mãe Odele.

O post deixado pela Odele deve ser lido, porque nunca seremos demais a clamar por justiça!

Deixo aqui as palavras que escrevi no comentário.

'Que a esperança e a força
sejam o motor
da existência
mesmo que sem volta
o carinho
permaneça em nós
suavizando os momentos
dolorosos,
num abraço longo
e quente
de Amizade e Amor.'

Unidos podemos ser a força.

Beijos para ti Odele, para ti Flavia

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O meu mar


Volto ao mar
à imensidão sem fim
que avisto deste lugar
volto com saudades
e ânsia de te rever,
calmo ou furioso
azul ou acinzentado,
hoje sob uma neblina
e um sol tímido
a romper por entre
as nuvens,
volto ao mar
firme entre as rochas
sorrindo-me
e abarcando-me
perdida na água,
que ao mar me devolve
e onde eu sempre voltarei
quando morro de saudade.


Foto repetida: Viajantis

sábado, 13 de dezembro de 2008

Faces

As moedas têm sempre
duas faces
e nesse volte face
são ambíguas
e estranhas
como estranho
é o desalinho
das linhas
sobrepostas
da palma das mãos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Ruídos

O ruído exaustivo de tanta gente a falar neste espaço, conversas cruzadas, cada um quer fazer-se ouvir e o barulho quase assustador e ninguém se entende, até me faz abalar a paciência.
Eu que cheguei aqui para tentar não pensar, de repente fico perante uma chusma incontrolável de sons sem nexo e de vozes atabalhoadas e saio..
- Pelo menos a saída fui eu que a escolhi!


Escrito inédito a 22 de Novembro de 2006.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Envolvência

Fazes-me sorrir
a ironia pontual
das palavras
a condição sinequanon
para a inteligência,
o humor sempre presente
que faz estalar
o meu riso...

domingo, 7 de dezembro de 2008

Sorriso

Roubei o teu sorriso,
confesso,
roubei-to algures
naquele dia,
o dia de todas as palavras.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ontem

Escolho o vento
a memória estupefacta
de um imaginário
e soergo-me
em constante mutação
na inconstante penumbra
dos meus desejos
infantis.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A apresentação em Lisboa


Depois de amanhã será a apresentação em Lisboa do '22 olhares sobre 12 palavras'.

Estão todos convidados.
Até lá.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Balanço


No pronto balanço do teu corpo
incendeias o que de mais
belo existe em mim
a forma acentuada
das ancas
ou a magia túrgida
dos seios
e o fogo não se extingue
sempre ateado
no balancear do corpo
das virilhas
do sexo que urge
ao alcance
de um momento.


Foto: Viajantis

domingo, 30 de novembro de 2008

Sílabas

Fora de tempo
o milímetro que me sobra
para o verso
é quase nulo
e o ritmo fundamental
perde-se
além no cima da serra
ou ali
junto à beira-mar.

São os restos
das sílabas
à desgarrada...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Soluço


Eu sou a espuma
do mar de ti
embriago-me
a cada gota
do teu sorriso
e no soluço
das tuas mãos
entrego o reflexo
da noite.


Foto repetida: Viajantis

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Verdade

Arrebatado e intenso
o murmúrio das águas
paixão
fonte das palavras
livres
e de amor escritas
com todo o planeta
a vibrar comigo
a conquista
da verdade.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Emoção

Se a emoção fosse uma letra
seria a inicial do teu nome,
nítida, bem delineada,
definida e sensual.

Seria um desenho a carvão,
uma paisagem verde,
uma fotografia do mar.

Seria a letra do princípio
e a letra do fim.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Amanhã


Estão todos convidados.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A paixão


A paixão é uma hipérbole
ameaçadora
uma configuração
que se compõe ampliando
e decompõe
em meias palavras
sem dimensão
é um substantivo
feminino
enredado e ilógico
e perde-se
numa fracção de segundo
quando ainda
não se define...


Foto: Viajantis

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pensei melhor...


Pensei melhor.
Para todos aqueles que passam aqui, mesmo poucos... não é justo deixar de publicar.
Continuarei a fazê-lo.

Em 'L'

O lápis leve
da liberdade
é a leveza laço
o livro o local
do lume
e da loucura.


Foto: Viajantis

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Fim neste

Pelo que constato este blog é pouco lido e comentado.
Assim, ficamos por aqui.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Giz

A propósito
de giz,
projecto um quadro
e traço umas linhas
de força,
que são trinta
por elas.

O quadro preto,
ardósia,
delimita a constância
e a duração ilimitada
da palavra.

E eu invento,
o modo de perpetuar
a libertação.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Apatia

Apatia aparente
sem reacção,
silenciosa
percorre o tempo
mínimo de um ai
e esvai-se
esbatida
contra a vidraça.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Para ti

Agito-me quando te penso,
não sabendo onde estás,
mas sei que o teu eu
me acompanha
a todo o momento,
desde aquela manhã
traiçoeira
que te levou
para algum lugar.

Sei que sabes
que continuo a escrever
e que para ti
são as palavras
que não falo
mas que canto,
nestas folhas de papel
em que me recrio.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Frio

Está frio.
Tudo é gelo.

Os movimentos
fragmentam-se,
quebram-se
e as asas ferem o ar gélido.

Está muito frio.
A geada negra
queima todas
as videiras,
o aspecto do ar
é tão escuro
que eu já sei voar,
já não sinto frio,
já me elevo
até lá...
aí, acolá, além
sempre e sobretudo
onde não existe frio.

domingo, 2 de novembro de 2008

Tu és

Tu és o poeta
que me beija os silêncios
e adivinha
as minhas palavras
e se as não escrevo
tu as memorizas
nos teus poemas,
és tu o poeta
que enlaça os meus desejos
e perscruta
o meu pensamento,
mil vezes delirante
mil tantas outras vezes
colorido de façanhas,
tu és o meu poeta
das cores e dos sons
e te entrelaças
no rio que corre em mim
e é na tua foz que
desagua o poema
que a mim dedicas!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Se

Se as tuas mãos se moldam
ao meu sorriso,
enfáticas
e do acalento
que delas nasce
eu renasço
uma e outra vez,
quero que elas
se perpetuem
no afago agora eterno
que das tuas mãos
emana,
em pleno temporal
o gesto suave
com que moldo
as tuas mãos
se elas expressam
o comum caminho
da descoberta
e o meu sorriso.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Morte

Falta esculpir
na pedra a data
do tempo feliz
e o nome do silêncio
que após passar
deixou o teu rasto
de caminhante.

Falta aperfeiçoar
o som do gesto
e colocar
as páginas
no livro que todos lerão.

Falta tanto,
falta nada,
faltas-me tu
na noite insone,
falto-te eu
na incerta aceitação
da morte.

domingo, 26 de outubro de 2008

BERROS

Ofereço este poema à incentivadora, visitante e comentadora mais antiga e assídua dos meus blogs, incisiva e isenta, a Wind, com carinho.
Espero que gostes.

Um grito é um berro.
Gritar é bradar.

Berrar é gritar,
ralhar.

Bradar é clamar.
Clamar é protestar,
exclamar.

Ralhar é barafustar,
vociferar.

Vociferar é debater-se,
discutir
e contestar.

Agito-me com violência
e berro e grito e debato-me,
brado, vocifero e ralho,
barafusto, discuto, contesto,
exclamo, clamo
e reclamo:

-Clemência!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Cansaço

Cansam-me as ruas
apinhadas de gente
e frio do final da tarde
entranha-se nos ossos
e cansa-me...
canso-me das palavras
e dos rotineiros dias
sem rumo e desfeitos
e já me cansa tudo
o que não vejo
e o que não sinto.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Não sei


Não sei se havia vento
se era lua cheia ou nova,
era uma noite de palavras
e acolhedoras as mãos
que se davam no silêncio,
era uma noite de magia
de luzes e encantamento
e o destino
veio visitar-nos.


Foto: Viajantis

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A meio

Algumas partidas
do destino
são atenuantes
da confrangedora
rotina
outras são
intragáveis
ou indigestas
e põem sempre à prova
a nossa pouca
capacidade
de persuasão.

Quantas vezes
queremos sair
a meio da cena?!

sábado, 18 de outubro de 2008

Perco-me

Perco-me no silêncio
em que calas o meu
grito,
na ausência que o tempo
força,
na penumbra da memória,
no sôfrego latejar
das entranhas.

Perco-me no gelo
do teu corpo sem mim.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Partilha

Tenho que inventar
palavras
quando todas parecem
existir,
palavras simples,
o significado
coerente
do que eu sinto,
preciso de inventar
palavras
para lhes dar
o sentido
comum
deste amor que
partilho.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Tanto

São 6h30 de um sábado.
O telemóvel anuncia uma mensagem escrita.
Acordaste e pensaste em mim.

Deixo-me adormecer nas palavras
como se estivesses aqui
e me amasses no todo de mim.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Lembras-te?

Lembras-te quantas vezes
descemos a falésia
até à praia
de mão dada
e me explicaste
das cegonhas
e depois das gaivotas
e mergulhámos no mar?

E lembras-te
que um dia te foste
embora
e me disseste
que o tempo era o errado?

Lembras-te
que não voltaste
a descer comigo a falésia
nem me falaste mais
das gaivotas
nem das cegonhas?!!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Até

A noite sucumbe
nos teus braços
e a paixão renasce
neste cansaço,
dilatam-se as veias
no jorrar inevitável
do crepúsculo...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Voo


Compro o bilhete de ida
instalo-me confortavelmente
(dentro do possível)
e olho a paisagem.

A viagem torna-se longa
e cansativa
e deixo de me sentir
tão confortável.

Quero sair dali
rapidamente
mas tenho que esperar
(espero, claro)
quando chego
suspiro de alívio!

Até que enfim...

Nunca mais ando de avião.


Foto: Viajantis

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Paleta

Vou pintar-te das cores
mais belas,
profundas
e amantes,
que existem
nesta minha paleta

como poeta,
como artista,
pintar-te-ei
com as cores
inexistentes
e inventadas

nas minhas mãos
de amor.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Mágoa

Aproximas-te distraído
como quem não me vê,
estás tenso e eu sinto.
Abres-me a tua vida
num torpedo de mágoas,
eu ouço-te em silêncio.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Onde


Lá onde se precipita
o tempo
são rasas as lágrimas
e a saudade
é uma memória
apagada mas feroz.

Lá onde não há vento.


Foto: Viajantis

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Intensamente


A suavidade da aragem
prolonga a plenitude
e como que querendo ficar,
intensifica o aroma
que este desejo
acentua em cada poro
da minha pele.


Foto: Viajantis

domingo, 28 de setembro de 2008

PARABÉNS!


mais uma meta atingida e eu pude estar lá!
Parabéns!
O futuro segue o presente...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Muito fácil


Sente-se
mente-se
ressente-se
desmente-se
um sentido
uma mentira
ressentimento
desmentido
consentimento
repetido
pedido
arrependimento...

e assim se aprende
a não errar.


Foto: Viajantis

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Eu: Presente!

Ergo a mão e grito:
-Presente!

Presente na tua luta diária
presente quando não te vejo
presente há vinte e um anos
na tua vida.

Orgulho-me de ser presente
e orgulho-me de te acompanhar
no próximo dia 26.

domingo, 21 de setembro de 2008

Feliz

O nevoeiro instalou-se.
Madrugada e manhã...

Perplexa iria rever
galáxias
e aprender a ser feliz.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Voando

Escrevi este poema em Julho de 2006 e não chegou a integrar o meu 1º livro.
Foi escrito a um dos grandes amores da minha vida.


Sussurras-me ao ouvido
palavras que me embalam
na tua voz tão cheia de música
os gestos ternos acompanham
um terno olhar
a luz do sorriso
um braço que me envolve
um toque sensual
ao som de um aplauso
que a poesia alcançou.

Deixa-me voar contigo
e navegar no mar que sonhei
azul e calmo
bravo e cinzento
profundo e imenso
nos beijos que nos damos
como a ave que se liberta
no poema que te escrevo.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O mar aqui


Torno o som de ser
numa amálgama de sentidos
e invado o terreno
como se o mar não se perdesse
e em mim me encontrasse.


Foto: Viajantis

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Nus


Invento-me despida
envolta em ar fresco
e rodeada de outros nus
que se reinventam
a cada passo dado
e a cada passo
entoam a eternidade.


Foto: Viajantis

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Outono


Era Outono.

Corria-se contra o tempo
e a luta era desigual
no Outono de mim
no teu Outono em ti
nas pedras e à beira
do rio cinzento.

Era Outono.

A corrida chegara ao fim.


Foto: Viajantis

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

As linhas


Linhas desalinhavadas
desniveladas ou desfiadas
desalinho e entrelinhas
tesouras e canetas
folhas e tempestade
são só linhas
em desalinho
recortadas e escritas
em papel marfim
no entre desnível
de um orgasmo que não se alinha
porque as linhas
estão desfiadas e desalinhadas
em bocados de suor.


Foto: Viajantis

domingo, 7 de setembro de 2008

Parabéns


Não podia deixar passar este dia.
Este menino faz anos e por causa disso deixei de ser filha única!
Parabéns, pá...


Foto: Viajantis

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sombrio


Sombra distorcida de mim,
espelho algures do tempo
em voo lento,
páginas sombrias
e desalinhadas
de um livro
por escrever.

Poemas em queda livre
num desconhecido
descampado,
sombrio e escuro,
projectado
numa guerra de sentidos,
mil facetas negras
de destinos.


Escrito em Agosto de 2007.
Foto: Viajantis

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Cais


Trocamos flores
de mãos dadas ao longo do cais
é a minha chegada
é a tua partida
é o desencontro florido
de duas vozes
sem tempo...


Foto: Viajantis

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Janelas


As janelas são uma invenção.

Inventei-as quando fui parida
e julguei que ali as janelas
tinham cores
e que as luzes
vinham dos candeeiros
da rua.

Foi tudo uma invenção.

Na noite em que acordei
gelada e chateada,
depois de ter passado
aqueles nove meses
acolhedoramente
quente.

Que raio de invenção!


Foto: Viajantis

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Pedro


Este é o menino bonito que me desenhou no dia 26 de Agosto.

domingo, 31 de agosto de 2008

Calma

Espero com calma
a carta prometida
escrita com a alma
de letras azuis
espero-te aqui
neste presente
que danço para ti...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Escrever

Um dia escrevi
com um aparo de lágrimas
amachuquei as palavras
e abri uma fenda
na parede da casa antiga.

Um dia escreverei
com um lápis de bico riso
guardarei o poema futuro
e perder-me-ei
exausta nos teus braços
de papel.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Eu


Esta sou eu de óculos escuros e a sorrir, desenhada pelo meu neto Pedro de 5 anos e meio.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Emoção


A emoção não se anuncia
e faz a sua entrada
quando em alerta
o coração se entreabre
e as lágrimas podem
jorrar límpidas
ou podem ser engolidas,
por estradas inventadas
e secas na origem.

A emoção é a vida
que se interpela
e o silêncio não se interpõe
e o choro amontoa-se
nos pergaminhos de uma ânsia,
volvida que foi a tempestade
o regresso vem de repente...


Foto: Viajantis

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Luz


Começo a vislumbrar
alguma luz ao fundo do túnel
e isso dá-me uma nova força
que reforça o meu destino.

Talvez comece a entender
o que faço aqui...


Porque algumas fotos são inesquecíveis, esta é repetida e é do Viajantis

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Versos

O livro foi editado
com todos os versos
que amaste e que me deste
amarelecido pelo tempo
os versos ainda se lêem
e no amor que nos demos
sobressaiem as páginas
dessa felicidade.

É bom que assim seja
que os versos perdurem
que as vozes não se calem
abafadas pelas cinzas
de outro tempo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Encontro


O encontro foi banal
cheio de trivialidades
e conversa
de circunstância
alguns risos
que se ouviram na sala,
foi um encontro vulgar
entre pessoas diferentes
quanto um cacto
não tem a ver com gaivotas.

E não houve necessidade
de continuar.


Foto: Gustavo Lebreiro

sábado, 16 de agosto de 2008

Gaivota


A gaivota entrelaça
o pensamento e a palavra
desnuda-se afrodisíaca
ondulante
como as marés
do meu mar aqui...


Foto: Gustavo Lebreiro

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Passagem


É o cheiro da natureza.

É o verde que nos escapa
mas que ainda sentimos,
é passar incólume
entre dois mundos.


Foto: Gustavo Lebreiro

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Exclamações


Ao longo da caminhada
coisas deixam de fazer sentido
(se é que há sentido)
é longa a caminhada
(se é que é longa)
e ao longo
de um perímetro
circunscrito
(se é que é ao longo)
só ficam os restos
(serão restos)
deteriorados
e apodrecidos
de frutos
(se é que há frutos)
interrogações
que ao longo da caminhada
(se é que é longa)
ficam sem resposta.
(Eram perguntas?)

Eram afirmações.
São exclamações.


Foto: Gustavo Lebreiro

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Semi


Chegamos semi perdidos
à procura de nada
à espera de tudo
sorrisos de alguns
lágrimas de outros...


Foto: Gustavo Lebreiro

domingo, 10 de agosto de 2008

Rio

Ao virar da curva
o regresso é inevitável
e é por ali que descemos
e nos perdemos
na água transparente
do rio.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Loucura


Desce à terra
uma voz nítida
de esperança,
traz simples pó
e areia do deserto
e o eco
enfeitiçado
da loucura.


Foto: Gustavo Lebreiro

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Ridícula


Ridícula
insistência
em revolver
um curto tempo
e um espaço
fechado
na minha cara.

Ridícula
é a insistência
em querer ficar
onde nunca
cheguei a estar...


Foto: Gustavo Lebreiro
Peço desculpa se repito a foto, mas algumas tocam-nos...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Coabitação


Coabito com a penosa sensação
de falhanços sucessivos
e como se tal não bastasse
à sobrevivência,
ainda convido para a minha sala
a música descaracterizada
de longas noites de silêncio
e algumas marionetas
dos teatros infantis
que nunca me agradaram
e das quais dispenso a convivência.

Contradições de coabitação
e a coabitação
contraditória de um punhado
de ilusões,
ou de ilusórias punhaladas?


Foto: Gustavo Lebreiro

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Impulsividade vs defeito


Existem coisas das quais nos apercebemos, seja porque outros nos chamam a atenção, seja porque reflectimos sobre elas.

É preciso chegar aos cinquenta e tantos anos e concluir que a impulsividade é um defeito tremendo.

Abala qualquer relação e dá cabo da paciência a qualquer um!

Não é a minha opinião. Nem mudarei os meus impulsos só para agradar a quem não pensa como eu.

Serei casmurra? Possivelmente.
Mais um defeito a juntar a muitos outros.

E assim, vou sobrevivendo, planando nos meus defeitos.


Foto: Gustavo Lebreiro

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Férias


Vou de férias.
Até um dia destes.
Obrigada por estarem presentes.


Quadro: Fernando Benza

domingo, 3 de agosto de 2008

Amor é


Amor é convocar os deuses e eles aparecerem.

Amor é sobrevoar o imaginário.

Amor é soltar a criatividade.


Foto: Gustavo Lebreiro

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Morte


Sem alimento
a paixão morre à fome
lentamente
por si
na traição do tempo.


Foto: Gustavo Lebreiro

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Dúvida


Reduzida à sua dimensão
coloca-se a dúvida
de ser ou não
por onde começar
ou onde ficar.


Quadro: Fernando Benza

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Planície


Estende-se a planície
no afecto da casa
na intimidade
de dois corpos...


Quadro de Fernando Benza

terça-feira, 29 de julho de 2008

Sem título


Manuscrito meu de 7 de Janeiro de 1971.

De súbito reparei
em toda a ironia
do teu olhar;
logo me lembrei
que faria a alegria
do meu chorar;
era a mesquinhez
de toda essa gente
que te fez rir assim;
e que já uma vez,
estava eu doente,
se riram de mim!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Foz

Em dó pausa
ritmo lassidão
vento e paixão
música vastidão
assintomática loucura
a renúncia
na foz do rio.

domingo, 27 de julho de 2008

Vento

Não gosto do vento.

Mas aceito-o.

Mesmo sabendo
que quando ele passa
me leva sempre
os sonhos para muito longe.

E se os traz de volta
(outros certamente)
volta a roubar-mos.

Não gosto do vento.

Mas aceito-o...

sábado, 26 de julho de 2008

Em 'C'

Cansamos o corpo
constante
com as cores centelha
e corroemos cantando
cégadas
a claridade cega
dos contos de coragem
e de cruéis caprichos
e ciladas
cortamos os ciprestes.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Sumo


É doce.
Um sumo fresco
neste maio de cinzas
e a saudade
dos teus beijos
que saboreio
como se fosse
a última vez.


Foto: Gustavo Lebreiro

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Talvez

Apetece-me
fazer bolas de sabão
e cortar o cabelo
a todas as bonecas...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

É

Surges no meu caminho
escrevendo
na tábua do destino
a loucura
de ser eu,
o desejo macio
da tua voz
e a calma perfeita
de ti,
no nosso caminho
paralelo à tarde
toca a música
das tuas mãos,
no ainda cedo de nós.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Frank Sinatra

Strangers in the night...

Anjo


Há trinta anos
este anjo cuida de mim
e no abraço diário
protege o meu sentir
e soletra-me amor.
Não me abandona
e conta-me histórias
de fadas e magia.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Hoje mesmo


Passaram 36 anos e meio e é como se fosse hoje

domingo, 20 de julho de 2008

Desencontro factual

Eu calo-me
e tu falas
eu escrevo
e tu respondes
eu nego
e tu questionas
eu saio
e tu regressas...

sábado, 19 de julho de 2008

Recomendação

Para que esse entorpecimento
das ideias não vagueie
e não desande em excesso
de velocidade
recomenda-se
um cinto de castidade
nos neurónios
afectados
pela paixão...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Amar

Eu amei-te
tu não me amas
ele amou-a
ela não o ama
nós amámo-nos
vós não os amais
eles amaram-nas
elas não os amam.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ser

Presente do indicativo
do verbo ser
eu sou
tu és
ele é
nós somos
vós sois
eles são.

Invenções...
 
Strangers In The Night - Frank Sinatra