domingo, 31 de agosto de 2008

Calma

Espero com calma
a carta prometida
escrita com a alma
de letras azuis
espero-te aqui
neste presente
que danço para ti...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Escrever

Um dia escrevi
com um aparo de lágrimas
amachuquei as palavras
e abri uma fenda
na parede da casa antiga.

Um dia escreverei
com um lápis de bico riso
guardarei o poema futuro
e perder-me-ei
exausta nos teus braços
de papel.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Eu


Esta sou eu de óculos escuros e a sorrir, desenhada pelo meu neto Pedro de 5 anos e meio.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Emoção


A emoção não se anuncia
e faz a sua entrada
quando em alerta
o coração se entreabre
e as lágrimas podem
jorrar límpidas
ou podem ser engolidas,
por estradas inventadas
e secas na origem.

A emoção é a vida
que se interpela
e o silêncio não se interpõe
e o choro amontoa-se
nos pergaminhos de uma ânsia,
volvida que foi a tempestade
o regresso vem de repente...


Foto: Viajantis

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Luz


Começo a vislumbrar
alguma luz ao fundo do túnel
e isso dá-me uma nova força
que reforça o meu destino.

Talvez comece a entender
o que faço aqui...


Porque algumas fotos são inesquecíveis, esta é repetida e é do Viajantis

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Versos

O livro foi editado
com todos os versos
que amaste e que me deste
amarelecido pelo tempo
os versos ainda se lêem
e no amor que nos demos
sobressaiem as páginas
dessa felicidade.

É bom que assim seja
que os versos perdurem
que as vozes não se calem
abafadas pelas cinzas
de outro tempo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Encontro


O encontro foi banal
cheio de trivialidades
e conversa
de circunstância
alguns risos
que se ouviram na sala,
foi um encontro vulgar
entre pessoas diferentes
quanto um cacto
não tem a ver com gaivotas.

E não houve necessidade
de continuar.


Foto: Gustavo Lebreiro

sábado, 16 de agosto de 2008

Gaivota


A gaivota entrelaça
o pensamento e a palavra
desnuda-se afrodisíaca
ondulante
como as marés
do meu mar aqui...


Foto: Gustavo Lebreiro

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Passagem


É o cheiro da natureza.

É o verde que nos escapa
mas que ainda sentimos,
é passar incólume
entre dois mundos.


Foto: Gustavo Lebreiro

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Exclamações


Ao longo da caminhada
coisas deixam de fazer sentido
(se é que há sentido)
é longa a caminhada
(se é que é longa)
e ao longo
de um perímetro
circunscrito
(se é que é ao longo)
só ficam os restos
(serão restos)
deteriorados
e apodrecidos
de frutos
(se é que há frutos)
interrogações
que ao longo da caminhada
(se é que é longa)
ficam sem resposta.
(Eram perguntas?)

Eram afirmações.
São exclamações.


Foto: Gustavo Lebreiro

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Semi


Chegamos semi perdidos
à procura de nada
à espera de tudo
sorrisos de alguns
lágrimas de outros...


Foto: Gustavo Lebreiro

domingo, 10 de agosto de 2008

Rio

Ao virar da curva
o regresso é inevitável
e é por ali que descemos
e nos perdemos
na água transparente
do rio.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Loucura


Desce à terra
uma voz nítida
de esperança,
traz simples pó
e areia do deserto
e o eco
enfeitiçado
da loucura.


Foto: Gustavo Lebreiro

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Ridícula


Ridícula
insistência
em revolver
um curto tempo
e um espaço
fechado
na minha cara.

Ridícula
é a insistência
em querer ficar
onde nunca
cheguei a estar...


Foto: Gustavo Lebreiro
Peço desculpa se repito a foto, mas algumas tocam-nos...

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Coabitação


Coabito com a penosa sensação
de falhanços sucessivos
e como se tal não bastasse
à sobrevivência,
ainda convido para a minha sala
a música descaracterizada
de longas noites de silêncio
e algumas marionetas
dos teatros infantis
que nunca me agradaram
e das quais dispenso a convivência.

Contradições de coabitação
e a coabitação
contraditória de um punhado
de ilusões,
ou de ilusórias punhaladas?


Foto: Gustavo Lebreiro

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Impulsividade vs defeito


Existem coisas das quais nos apercebemos, seja porque outros nos chamam a atenção, seja porque reflectimos sobre elas.

É preciso chegar aos cinquenta e tantos anos e concluir que a impulsividade é um defeito tremendo.

Abala qualquer relação e dá cabo da paciência a qualquer um!

Não é a minha opinião. Nem mudarei os meus impulsos só para agradar a quem não pensa como eu.

Serei casmurra? Possivelmente.
Mais um defeito a juntar a muitos outros.

E assim, vou sobrevivendo, planando nos meus defeitos.


Foto: Gustavo Lebreiro

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Férias


Vou de férias.
Até um dia destes.
Obrigada por estarem presentes.


Quadro: Fernando Benza

domingo, 3 de agosto de 2008

Amor é


Amor é convocar os deuses e eles aparecerem.

Amor é sobrevoar o imaginário.

Amor é soltar a criatividade.


Foto: Gustavo Lebreiro

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Morte


Sem alimento
a paixão morre à fome
lentamente
por si
na traição do tempo.


Foto: Gustavo Lebreiro
 
Strangers In The Night - Frank Sinatra